No período
conhecido como Alta Idade Média (séc. VI-X) a Teologia não experimentou grande
criatividade. Era baseada principalmente na patrística, e estava ligada aos
mosteiros. Apesar de muitos chamarem esse período de “Idade das Trevas”, por um
alegado obscurantismo intelectual e teológico, temos o movimento educacional e
artístico conhecido como “Renascimento Carolíngio”. Entre os grandes nomes da
teologia da época, temos o Venerável Beda (pai da historiografia inglesa),
Alcuíno de York, João Escoto Erígena e Isidoro de Sevilha (posteriormente
proclamado doutor da igreja).
Na Baixa Idade
Média (séc. XI – XV) desenvolve-se o movimento teológico conhecido como
“escolasticismo”. Os teólogos escolásticos, como Anselmo de Canterbury, Pedro
Abelardo e Tomás de Aquino (o mais conhecido e importante) buscavam organizar a
doutrina cristã de forma sistemática, científica e a harmonia entre a fé e a
razão. Anselmo cria o argumento ontológico para a existência de Deus. Tomás,
baseado no filósofo grego Aristóteles, desenvolve o argumento das “Cinco vias”.
Apesar de duramente criticados hoje, sendo acusados de promover debates
intelectuais inúteis e totalmente distantes do povo humilde da época, os
escolásticos conseguiram mostrar a razoabilidade da fé cristã, e influenciam a
Igreja até os nossos dias.
Reagindo a certos
extremos nos quais, muitas vezes, os escolásticos caíam, muitos escritores,
geralmente monges ou padres, criaram obras de teologia mística, a teologia em
que se busca uma comunhão pessoal com Deus e a experiência com Ele. Dentre
essas obras, temos o excelente livro “Imitação de Cristo”, a “Nuvem do
desconhecimento”, “O espelho das almas simples”,e muitos outros. Entre os
grandes teólogos místicos se incluem várias mulheres, como Catarina de Sena,
Brígida da Suécia, Juliana de Norwich e Gertrudes de Helfta. Mesmo os teólogos
escolásticos, por vezes, eram teólogos místicos.
Nessa época, a
Igreja de Cristo passou por uma série de dificuldades, como a ignorância
doutrinária e superficialidade espiritual da maioria dos fiéis, excessos em
relação aos sacramentos, ênfase exagerada no papel da Virgem bendita e dos
santos de Deus, violência em nome da fé e um esquecimento da ênfase paulina na
justificação pela fé. Mesmo assim, muitos servos de Deus buscaram a pureza na
fé. Além dos grupos citados, temos o movimento franciscano, liderado por Francisco de Assis um “playboy” que encontrou
a Cristo; os “Irmãos de vida comum”, na Alemanha e Países Baixos; o misticismo
germânico; e um grupo conhecido como valdenses. Os valdenses eram, dentre os
citados, os que mais se opunham à igreja oficial, visto contestarem não apenas
a situação moral e espiritual, mas também a situação doutrinária.
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