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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

As riquezas da História da Igreja: Parte 3

No período conhecido como Alta Idade Média (séc. VI-X) a Teologia não experimentou grande criatividade. Era baseada principalmente na patrística, e estava ligada aos mosteiros. Apesar de muitos chamarem esse período de “Idade das Trevas”, por um alegado obscurantismo intelectual e teológico, temos o movimento educacional e artístico conhecido como “Renascimento Carolíngio”. Entre os grandes nomes da teologia da época, temos o Venerável Beda (pai da historiografia inglesa), Alcuíno de York, João Escoto Erígena e Isidoro de Sevilha (posteriormente proclamado doutor da igreja).
Na Baixa Idade Média (séc. XI – XV) desenvolve-se o movimento teológico conhecido como “escolasticismo”. Os teólogos escolásticos, como Anselmo de Canterbury, Pedro Abelardo e Tomás de Aquino (o mais conhecido e importante) buscavam organizar a doutrina cristã de forma sistemática, científica e a harmonia entre a fé e a razão. Anselmo cria o argumento ontológico para a existência de Deus. Tomás, baseado no filósofo grego Aristóteles, desenvolve o argumento das “Cinco vias”. Apesar de duramente criticados hoje, sendo acusados de promover debates intelectuais inúteis e totalmente distantes do povo humilde da época, os escolásticos conseguiram mostrar a razoabilidade da fé cristã, e influenciam a Igreja até os nossos dias.
Reagindo a certos extremos nos quais, muitas vezes, os escolásticos caíam, muitos escritores, geralmente monges ou padres, criaram obras de teologia mística, a teologia em que se busca uma comunhão pessoal com Deus e a experiência com Ele. Dentre essas obras, temos o excelente livro “Imitação de Cristo”, a “Nuvem do desconhecimento”, “O espelho das almas simples”,e muitos outros. Entre os grandes teólogos místicos se incluem várias mulheres, como Catarina de Sena, Brígida da Suécia, Juliana de Norwich e Gertrudes de Helfta. Mesmo os teólogos escolásticos, por vezes, eram teólogos místicos.

Nessa época, a Igreja de Cristo passou por uma série de dificuldades, como a ignorância doutrinária e superficialidade espiritual da maioria dos fiéis, excessos em relação aos sacramentos, ênfase exagerada no papel da Virgem bendita e dos santos de Deus, violência em nome da fé e um esquecimento da ênfase paulina na justificação pela fé. Mesmo assim, muitos servos de Deus buscaram a pureza na fé. Além dos grupos citados, temos o movimento franciscano, liderado por  Francisco de Assis um “playboy” que encontrou a Cristo; os “Irmãos de vida comum”, na Alemanha e Países Baixos; o misticismo germânico; e um grupo conhecido como valdenses. Os valdenses eram, dentre os citados, os que mais se opunham à igreja oficial, visto contestarem não apenas a situação moral e espiritual, mas também a situação doutrinária.

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